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Na linha de frente do combate à COVID-19, Biólogo fala de sua atuação dentro e fora do laboratório - 17/06/2020
Desde que a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou, no mês de março, a pandemia da COVID-19, causada pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2), o mundo todo se acostumou a ver e ouvir diariamente o etíope Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da organização, prestando orientações sobre as medidas de prevenção. O que nem todos sabem é que Tedros é Biólogo, com mestrado em Imunologia de Doenças Infecciosas pela Universidade de Londres e doutorado em Saúde Comunitária pela Universidade de Nottingham.
Assim como acontece com o diretor-geral da OMS, a atuação de milhares de outros Biólogos tem sido essencial para a prevenção ao coronavírus. No Paraná, o Biólogo Robson Michael Delai (CRBio 50.652/07-D) é um dos profissionais que estão na linha de frente. Ele é graduado em Ciências Biológicas pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), mestre em Biologia Celular e Molecular pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e está cursando doutorado no programa de Ciência Animal com ênfase em Produtos Bioativos da Universidade Paranaense (Unipar). O Biólogo também é conselheiro suplente do Conselho Regional de Biologia da 7ª Região - CRBio-07.
Robson trabalha no Centro de Medicina Tropical, unidade de Biologia Molecular da Fundação de Saúde Itaiguapy, atendendo a linha de testagem da 9ª Regional de Saúde, que abrange nove municípios da microrregião de Foz do Iguaçu, no Oeste do Paraná. "Enxergamos a possibilidade de poder colaborar com o estado e fizemos o credenciamento junto ao Lacen [Laboratório Central do Paraná] para que pudéssemos realizar os testes de COVID-19", destaca. A instituição é mantida pela Itaipu Binacional, a qual fez um investimento de 15 milhões de reais na Fundação para aquisição de testes de Reação em Cadeia de Polimerase (PCR), medicamentos e respiradores para atender a demanda da região.
Os testes de PCR para identificação em tempo real da presença do coronavírus são realizados em pacientes que estão internados no Hospital Ministro Costa Cavalcanti, administrado pela Fundação Itaiguapy, e também em pacientes que tiveram as coletas feitas pelas secretarias de saúde dos municípios integrantes desta regional de saúde. As amostras são recebidas e em no máximo 24 horas o laboratório consegue dar o resultado - normalmente leva-se 12 horas ou menos. "Essa agilidade permite que os gestores da epidemiologia dos municípios consigam tomar as decisões em tempo adequado, de forma mais correta", afirma o Biólogo.
O hospital montou estrutura com alas separadas. Todas as pessoas que chegam com alguma sintomatologia respiratória passam pelo teste antes da internação. Se der positivo, o paciente vai para uma ala exclusiva, senão, vai para uma ala comum. Isso só é possível em virtude da agilidade na divulgação do teste, que permite ao paciente ser acomodado de forma adequada, conforme as orientações médicas.
Laboratório adota todas as medidas de prevenção
A estrutura do laboratório onde Robson atua tem Nível de Segurança 2 (NB-2), e inclui itens como sistema de pressão negativa. Além disso, todos os profissionais trabalham com jaleco, máscara N95 e roupa privativa. Terminados os procedimentos, essa roupa é encaminhada para um sistema de lavagem e os funcionários fazem sua higienização.
Os profissionais da saúde que fazem parte da instituição também são testados para verificar a presença do vírus. "Como o risco de transmissão é muito grande, por mais que se adote uma série de cuidados é necessário realizarmos esses testes", afirma o Biólogo.
Cuidados também se estendem ao lar
O trabalho de Robson não termina no laboratório. Casado com uma Bióloga, ele relata que ambos são professores e estão enfrentando os desafios de dar aulas remotas. Ele ministra disciplinas de biossegurança em cursos da área da saúde, sempre buscando dar orientações sobre as medidas de prevenção, tais como evitar ir em locais de aglomeração, só sair quando for necessário e ter os cuidados com todas as pessoas da família, e não só com aquelas que estão nos grupos de risco.
Sempre que é convidado para falar em programas, podcasts e reuniões online, o Biólogo busca trabalhar a conscientização sobre prevenção e cuidados básicos. "É fundamental estar sempre bem informado para poder passar informações fidedignas, que possam ser confiáveis, porque estamos vivendo um momento em que as fake news são muito difundidas. Muito do que se fala não tem fundamentação científica. Tem muitos Biólogos que estão atuando nessa área e com conhecimento para difundir, prevenir e cuidar", ressalta Robson.
Relevância da atuação de Biólogos
"Eu vejo que o trabalho dos Biólogos para a sociedade é de base, porque dá aporte para as outras profissões", avalia Robson. Ele lembra que antes de serem testadas em humanos, as drogas em fase de testes passam por uma série de experimentações. "Geralmente, quem trabalha nesses fronts de testagem são Biólogos. O desenvolvimento de vacinas tem várias etapas em nível mundial, e os gestores ou os indivíduos que estão à frente da pesquisa são Biólogos", salienta.
Para Robson, a compreensão que os Biólogos têm do meio como um todo é uma grande vantagem para a profissão. "Não adianta pensar só no indivíduo da espécie humana ou o vírus na espécie humana, porque existe interação entre o ambiente animal e o humano. Em média, de cada dez novas doenças, cinco ou seis são oriundas de animais, ocasionadas em razão do desmatamento ambiental, da invasão da população humana, do tráfico de animais silvestres e de uma série de outras situações. O Biólogo leva uma vantagem por conhecer essas áreas um pouco mais a fundo do que quem está na área da saúde, mais focado em seres humanos", conclui.