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Conselho de Biologia alerta para danos ambientais na construção do Parque das Graças - 20/05/2021
A construção do Parque das Graças, pela Prefeitura do Recife, iniciado em 12 de março de 2021, tem causado grandes impactos ao meio ambiente. Apesar do projeto falar em 'abraço à natureza', o que se vê é que grande parte da vegetação da beira do rio Capibaribe foi suprimida sob a promessa de um replantio cinco vezes maior.
Porém, isso não resolve o problema visto que as capivaras se alimentam de plantas aquáticas no local. Sem a vegetação, os animais estão se deslocando para outros bairros. Ou seja, além da flora, a fauna também está sendo prejudicada enquanto o parque é construído.
“O ideal é que mantivessem a vegetação nativa por ser de margem de rio. Estão desconfigurando uma área de proteção permanente. Em vez de agregar o parque à vegetação local, preferiram retirar tudo para construir o parque por cima. Isto está ocasionando prejuízos ao ecossistema, que inclui o manguezal e as margens do rio, que já se encontra bastante degradado em sua maior parte no Recife”, explicou o Biólogo Igor Matias (CRBio 77.910/05-D).
O projeto, inclusive, é alvo de investigações do Ministério Público de Pernambuco (MPPE) que está apurando a derrubada da vegetação na orla do Rio Capibaribe na região. A denúncia foi feita pelo ativista Alyson Fonseca, do Observatório do Meio Ambiente. O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) também foi acionado para tomar providências cabíveis sobre o caso.
Os problemas causados pela construção do Parque das Graças vão além do Rio Capibaribe. Toda a região tem prejuízos que impactam sobremaneira e diretamente na qualidade de vida em uma cidade com muitos prédios e de verde cada vez mais raro.
"Poucas regiões no Recife ainda contam com áreas verdes. A retirada do manguezal causa erosão das margens do rio e diminuição da qualidade da água. Por conta da verticalização, Recife sofre com a falta de ventilação e ações como essa prejudicam não apenas o meio ambiente, como também o dia a dia da população", completou Igor Matias (CRBio 77.910/05-D).
Mesmo com o replantio, será difícil o mangue se recuperar por ser sensível às mudanças. Com isso, o impacto ambiental na área já é superior ao prometido pela Prefeitura do Recife no início do projeto.
A Autarquia de Urbanização do Recife (URB) informou que o plantio de 550 árvores previsto como mitigação da obra é cinco vezes maior que o número de supressão. Sobre o mangue, a URB esclareceu que a reposição das espécies acontecerá por meio da regeneração natural e que ocorrerá gradualmente no entorno da passarela que será construída. Além de que, o projeto prevê a criação de uma área de refúgio da fauna.
O Conselho Regional de Biologia da 5ª Região (CRBIo-05) acompanhará o processo de perto e estará atento aos próximos passos da obra. O CRBio-05 atuará em conjunto com MPPE e outras instituições na defesa do meio ambiente durante a construção do parque.